sábado, 31 de março de 2012

O golpe militar no Brasil: 48 anos.


Há 48 anos iniciava-se a Ditadura Militar no Brasil. Fico estarrecida de ler algumas publicações que utilizam o termo “comemorar”. Comemorar o que? Deveria ser lembrado sim, mas como um dia de luto para aquela época horrível. Li em vários jornais que militares de todas as partes do Brasil estão comemorando essa data e a opinião de muitos com quem já conversei sobre esse assunto é unânime “foi o período em que o Brasil mais se desenvolveu”, defendem uma teoria elaborada por militares (que contaram com a ajuda de alguns setores da impressa) de que o comunismo seria imposto no Brasil e que com isso os comunistas pegariam tudo o que nos pertencia e distribuiriam entre todos os brasileiros.
Tudo o que sei é através de livros, dissertações, teses e documentários, não vivi esse período da história, mas muitos amigos professores, meus familiares e pessoas próximas viveram e trazem consigo um passado que reflete até hoje na sociedade brasileira. Impossível ficar indiferente ou imaginar que foi uma época de glória e desenvolvimento para o Brasil.
Se depender de mim, como professora e cidadã brasileira não deixarei que seja esquecido.
Segue abaixo uma citação de um dos livros que uso em minha dissertação do jornalista e escritor Elio Gaspari  que escreveu quatro importantes livros sobre esse período :  “A Ditadura Envergonhada” volume 1, “A Ditadura Escancarada” volume 2, “ A Ditadura Derrotada” volume 3 e “A Ditadura Encurralada” volume 4. Quem se interessa por esse assunto não deve deixar de ler. A citação que segue pertence ao volume 2.

A tortura sancionada pelos oficiais-generais a partir de 1968 tornou-se inseparável da ditadura. Não há como entender os mecanismos de uma esquecendo-se a outra. De um lado a tortura dá eficácia á ordem ditatorial, mas de outro condiciona-a, impondo-lhe adversários e estreitando-lhe o campo de ação política.(...) a tortura embaralha-se com a ditadura e torna-se o elo final de uma corrente repressiva radicalizada em todos os níveis, violentando a própria base da sociedade. (...) Quando tortura e ditadura se juntam , todos os cidadãos perdem uma parte de suas prerrogativas e, no porão, uma parte dos cidadãos perde todas as garantias. (...) Foram raros os que nada disseram. Muitos resistiram às 48 ou 72 horas críticas, dando tempo para que se desconectassem as ligações que conheciam. Outros preservaram segredos que sobreviveram ao porão. Poucos, contudo, conseguiram resistir àquela rotina em que a perspectiva da continuação dos suplícios pode se prolongar por semanas, até meses.